Meu caro leitor, hoje abordaremos um tema um tanto quanto sensível para algumas pessoas, mas de extrema importância: o namoro cristão. Como deve ser? Qual a finalidade? E por que ter um bom namoro?
Quando pensamos em namoro, logo podemos lembrar de filmes que ocupam nossa imaginação. Infelizmente, a maioria das pessoas corromperam o que é o namoro e apenas o tratam como mera trivialidade ou como uma idealização que pode ter visto, por exemplo, no filme “Diário de uma Paixão”.
Antes de começarmos a falar sobre namoro, precisamos falar sobre a finalidade dele. Assim como qualquer ato que fazemos, precisamos ter consciência do que pode resultar. Logo, um namoro cristão é, antes de tudo, um tempo de concórdia, dois corações deverão estar unidos no mesmo lugar e, para isso, ambos devem estar buscando o caminho da santidade. Mas e quando uma parte não quer buscar esse caminho? Não há uma resposta simples para se dar, não há como ser curta e grossa em casos como esse, até porque cada realidade é individual e cada pessoa reage de uma forma quando é confrontada com a Verdade.
Quando um homem já é convertido e a mulher não, é mais fácil que ela siga o caminho, porque um homem que tenta buscar a Santidade traz o equilíbrio que nós tanto buscamos e só por alguém dizer que não quer nos usar, mas quer construir algo sólido e duradouro, aquece a natureza feminina que quer ser amada, então é mais fácil a mulher ceder e buscar a Cristo também.
Mas, quando o caso é o contrário, talvez seja mais difícil e complicado, já que precisa haver uma inclinação do homem a querer buscar a Verdade, ou seja, perguntando o porquê de você ter se convertido, buscando estudar sobre o catolicismo - mesmo que seja para te impressionar -, mostrando interesse em participar das missas e encontros de estudos. Nesse tipo de caso, a probabilidade de uma conversão acontecer é muito grande e, lembrando, apesar de você ser um exemplo de virtude, ninguém converte ninguém, precisamos tirar isso do nosso coração, só o Espírito Santo é capaz de fazer tal mistério e conseguir o “Sim” diário de cada um. Podemos rezar, mostrar o caminho e sermos dóceis, mas ninguém tem esse poder, até porque Deus nos o esse livre-arbítrio.
Falando em concórdia, não imagino o quão difícil deve ser terminar um namoro nos casos em que a pessoa não quer trilhar o mesmo caminho em busca da santidade. Mas, quando se trata de namoro, precisamos ter muito claro o que ele significa: ele é um percurso e uma preparação para o casamento.
Um namoro cristão não tem por finalidade o prazer pessoal, devemos ter cuidado com uma certa mundanidade que pode nos prender. Se não estivermos muito convictas de que amamos a Deus e queremos o Céu, podemos ter um namorado apenas para alimentar uma carência nossa e ela, por sua vez, não é suprida com um namorado, essa inquietação para ter alguém só irá acabar quando tivermos um contato direto com Cristo, nos alimentando da palavra d’Ele.
Quando uso a expressão “nos usar”, isso não está ligado apenas ao corpo. Você usa alguém quando não tem certeza sobre a sua escolha e tem um namorado apenas pelo status de ter alguém. Uma mulher que está em uma amizade com Cristo não usaria ninguém dessa forma, pelo contrário, ela não teria alguém que não busca o mesmo que ela. Afinal, para o que fomos criados? Qual a finalidade desta vida? Vamos mesmo gastar o nosso tempo com coisas vãs que iremos nos arrepender por toda a eternidade?
Além disso, é preciso abordar um tema um tanto quanto delicado para casais que não vivem: a castidade. Ela, por sinal, é um sim ao amor. Precisamos entender um ponto muito importante: amar é dar a si mesmo, você não expressa que ama alguém quando dá presentes. Apesar de ser um ato de benevolência, não é um ato de amor.
A castidade é um sim ao amor, porque você não foi feito para ceder às paixões como cedem os animais. Além do corpo, temos um espírito. E não é por meio do sexo que usamos a nossa expressão máxima do amor, esta expressão está na benevolência e abnegação que temos um para com o outro, isso se dá por meio das renúncias que fazemos pelo outro, pelos defeitos que suportamos e por uma vida unida ao sacrifício.
Algo comum em jovens casais é o querer todos os prazeres possíveis pelos quais a carne é suscetível, mas não querem as responsabilidades que aquilo pode trazer em conjunto. Já dizia o super-herói Homem-Aranha: “com grandes deveres vêm grandes responsabilidades”. No casamento, os casais devem celebrar a sua união e isso é agraciado por Deus, não é ruim, mas isso foi feito para acontecer em um estado específico de vida, no qual os casais não transferem suas responsabilidades, eles acolhem os filhos que Deus enviar, eles renunciam os seus egoísmos.
Por isso, meu caro leitor, a castidade é um sim para o amor, pois, inspirados pelo amor de Cristo, fomos chamados a viver renúncias em prol de um amor maior. A castidade santifica o nosso espírito, aprendemos a suportar as adversidades, lidar com elas com paciência no dia a dia e os casais de namorados podem se beneficiar com esse tempo de namoro, visto que podem usá-lo da forma certa, se conhecerem, buscando agradar ao Criador.
Finalizando esta partilha sobre namoro, gostaria de compartilhar sete conselhos de Santo Afonso Maria de Ligório para viver um bom namoro.
Em primeiro lugar, precisamos entender que o namoro é de Deus, se os dois buscarem agradar a Ele durante esse período.
1- Só devem namorar quando já tiverem uma certa idade
O namoro é uma preparação para o casamento, obviamente, não existe um tempo limitado para casar e que se deva seguir como regra, mas muitos anos de namoro acabam quebrando etapas e construindo intimidades exageradas que podem levar ao pecado. Por isso, começar um namoro muito cedo pode não ser tão adequado, é bom esperar ao menos uma certa idade para começar o namoro, quando os dois tiverem certeza que ele pode levar ao casamento.
2- Demonstrarem intenção séria de casar
Obviamente, o namoro não deve estar só focado no casamento, os namorados devem vivê-lo bem, adquirindo virtudes, passeando em locais públicos, fazendo obras de caridade. Um bom namoro se pauta em sempre querer mais do seu amado, o casal não deve se contentar somente com esse estado de vida, devem, sobretudo, unirem as ideias para decidirem quando e o que irão fazer para casarem.
3- Tenham a aprovação dos pais
Um namoro precisa do consentimento dos pais, mas isso tem variações, por exemplo, se o seu namorado busca o casamento, está agindo conforme um bom cristão agiria, mas os seus pais não o aceitam devido algo superficial - aparência, condições financeiras -, você não deve ficar atingida com aquilo e devem buscar, o mais rápido possível, a união diante de Deus. Mas se os pais não aceitam o seu namoro porque vê que aquele homem te afasta de uma vida em Cristo, ouça os seus pais, devemos respeitá-los e ouvir os sábios conselhos que eles têm para nos oferecer.
4- Que não se prolongue por um tempo excessivo
Não é saudável um namoro longo. Claro, muitos casais que são jovens ainda estão estudando, mas, durante o tempo de estudo, é possível arrumar uma renda extra para já começarem a juntar dinheiro para o casamento, é de suma importância não postergar o namoro, como foi citado nos tópicos anteriores, pois pode gerar intimidades desnecessárias e a dificuldade para viver a castidade pode aumentar. O próprio apóstolo São Paulo fala “Mas, se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se”. Por isso, é deveras importante ter um tempo limitado para o namoro.
5 - Só iniciem um namoro quando tiverem o casamento em mente
Não existe namorar sem a intenção de casar, como já disse antes, o namoro é um caminho para um fim: o casamento. Dito isso, se o casal namora, mas não tem em mente o casamento, não faz sentido a relação existir. No final, por mais que estejam vivendo a castidade, estão se usando da mesma forma.
6 - O jovem casal não deve ficar a sós
Um padre, certa vez, comparou o tempo de namoro a uma quaresma, é um tempo, obviamente, árduo, mas muito belo de se viver. Para passar por ele, é preciso sair das ocasiões de perigo, ou seja, ficar no mesmo cômodo trancados, dar abraços excessivos, dar beijos prolongados - o que se enquadra como um pecado que fere o sexto e nono mandamento -, certas intimidades só devem existir no casamento. Isso do “não dever ficar a sós” não significa que vocês devam ficar o tempo todo com alguém, mas sempre ter em mente que alguém pode aparecer, como ficar na sala de estar, em um parque, em uma sorveteria. Para pecar contra a castidade, basta apenas um deslize, mas esse deslize pode acontecer por meio de muitas brechas que o casal inconscientemente ou conscientemente pode vir a permitir. Entendam, o namoro cristão deve anular qualquer estereótipo mundano que vocês tenham em mente, servimos apenas a um Senhor.
7- Que evitem tudo ou mais que possam manchar a pureza
Os pensamentos, olhares, palavras ou atos, tudo isso envolve também o tipo de filme ou conteúdo que o casal assiste. Deve-se retirar da rotina todo filme que tenha cenas sensuais, que um cristão já não deve ver sozinho, quem dirá em companhia de um namorado. É necessário resguardar a pureza um do outro para chegarem ao casamento e continuarem a viver essa pureza.
Talvez os beijos, entre alguns casais, mesmo que sejam selinhos ou não envolva nada prolongado, pode ser uma ocasião de pecado, é bom ter em mente que uma boa conversa e um acompanhamento com um diretor espiritual pode ser de grande ajuda para os namorados.
Finalizando este artigo, é sempre bom lembrarmos que não estamos neste mundo para nos influenciarmos por criaturas que ainda não são santos eleitos. Há, sim, casais que vivem de uma forma muito bela o tempo do namoro e têm um bom casamento, mas devemos nos inspirar nos Santos eleitos, naqueles que passaram pela terra e agora estão desfrutando da Glória do Senhor. O namoro é um tempo difícil? Obviamente. Mas sempre terá um tempo difícil para aquele que decidiu seguir a Cristo. Como Ele fala em Mt 16,21-27 “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a cada dia a sua cruz e me siga.”
PARA SE APROFUNDAR:
Playlist - Itinerário da Castidade - por Frei Gilson
Tratado da Castidade - Santo Afonso Maria de Ligório
Livro Tu e Ele - HARDY SCHILGEN. S. J.
Livro Itinerário da Castidade - Santo Afonso Maria de Ligório
Artigo escrito por Marina Rabelo , membro do grupo Gratia et Labore.
Conheça o grupo de estudos em busca da verdadeira essência e vocação feminina. O Gratia et Labore faz parte do apostolado do Centro Dom Henrique Soares em Aracaju/SE.