O chamado da mulher a imitar a Virgem Maria
A virtude da oração contínua de Nossa Senhora
“Eis aqui a serva do Senhor, fazei-me em mim segundo a tua Palavra” (Lc 1,38).
Eis a decisão de Maria, a mãe do Redentor que, desde pequena, confiou nas promessas de Deus. Quando pensamos nela, podemos imaginar uma jovem de Nazaré, recolhida em silêncio e, ao mesmo tempo, em diálogo contínuo com Deus. De fato, Maria viveu em constante oração, mas o que significa isso? Significa que ela rezou sem cessar e assim viveu em harmonia com os desígnios do Senhor, pois ela tinha um coração em Deus e a intenção de agradá-lo a todo instante. Maria foi uma discípula fiel em corresponder a santa vontade Daquele que a criou, sempre permitiu que Deus fosse o centro da sua vida e se colocou disponível a viver conforme a sua santa vontade.
A intervenção concreta de Deus aconteceu na vida de Nossa Senhora de forma inesperada por Ela. Um belo dia, enquanto estava em oração, um anjo apareceu e anunciou o plano do Senhor. Maria, com amor e simplicidade, aceitou, pois estava em oração e em comunhão com o Divino. E nós? Estamos preparadas para as intervenções de Deus em nossa vida? Maria deixou todos os seus planos, dúvidas e medos para viver o querer do Pai e, acima de tudo, se colocou à disposição para fazer somente a vontade d’Ele. Maria não temeu a missão que o anjo veio lhe anunciar, Ela se lançou com coragem, docilidade e mansidão para cumprir tudo o que assim o Senhor determinou, pois confiava n’Ele. Essa relação de confiança foi construída a partir de uma intimidade e comunhão com Deus: a oração contínua de Nossa Senhora. Na bíblia, onde Ela aparece, temos a presença clamorosa do Espírito Santo. Isso acontece na Encarnação, na visita a sua prima Isabel e no dia de Pentecostes.
Foi no dia da Encarnação que o Espírito Santo tomou posse total do universo de Maria e é desde aquele dia que a presença da Mãe Santíssima desencadeia uma irradiação espetacular do Espírito Divino. Maria é Templo Vivo, santuário privilegiado do Espírito Santo e, em uma acepção analógica, a sua Esposa. No sentido que, com Ele e por dependência Dele, Ela segue na missão de regenerar almas para Deus.
Depois de Jesus, Maria é o mais belo modelo que é possível imitar. A maneira como soube confiar em Deus é uma virtude que serve como inspiração para nós mulheres. Ela é o modelo perfeito para todo cristão se apoiar e servir a Deus verdadeiramente. O nosso chamado como mulheres cristãs é imitar a Virgem Maria em suas virtudes: humildade; paciência; oração contínua; obediência; mortificação; pureza e amor materno. Acredito que devemos começar pela oração contínua, pois é por ela que seguiremos as demais.
É importante dizer, também, que a intimidade de Nossa Senhora com Deus é um ato concreto durante todo o seu percurso na terra. O testemunho de vida da Mãe Santíssima tem muito a nos ensinar, não somente sobre a fé e confiança, mas sobre o amor ao projeto de Deus para as nossas vidas. Essa virtude nos ensina, antes de tudo, sobre a espiritualidade cristã e a vida de oração que devemos imitar. Mais do que isso, Ela nos ensina, principalmente, a colaborar com o plano de Deus para a salvação da humanidade. O seu amor para com Deus a faz aceitar generosamente todas as provações da vida e, sobretudo, a imolação de seu filho no Calvário. Só quem já passou pela dor de perder um filho consegue imaginar e acreditar fielmente no tamanho da fé dessa Mulher durante a Paixão de Cristo, um modelo da autêntica espiritualidade para o povo cristão.
Acredito que, quando Jesus nasceu, Ela não entendeu bem a humilhação de dar à luz a seu filho em um estábulo e ter o colocado em um tabuleiro que se punha comida para vacas, cavalos: a tal manjedoura. Ela pôde até não ter entendido a situação do momento, mas confiou plenamente no “claro-escuro da fé” e guardava tudo no coração, pois “Maria sabe reconhecer os vestígios do Espírito de Deus tanto nos grandes acontecimentos como naqueles que parecem imperceptíveis. É contemplativa do mistério de Deus no mundo, na história e na vida diária de cada um e de todos.” (Evangelii Gaudium n. 288)
Além disso, a intimidade com Deus passa pela experiência da contemplação de Maria, Ela é modelo a imitar para que também Cristo nasça em nós. Precisamos aprender a rezar com Maria, de modo simples, porque deve conter o cotidiano da vida simples. Devemos fazer as orações com humildes sentimentos e com uma firme, constante e inabalável confiança. Maria tinha vivido, ao voltar seu olhar inteiramente a Deus, sempre olhando verticalmente, uma autêntica intimidade com Deus, ou seja, uma intimidade original, nunca vista antes. Ela foi a primeira a se preencher totalmente do Espírito Santo. Isso faz com que seja possível também para nós uma comunhão genuína.
A oração deve ser uma prática constante, tem que ser um hábito e se tornar a parte essencial das nossas vidas. Imagine, hoje em dia, com vida universitária, estudos, estágio, lazer, descanso, projetos, necessidade de aprender outro idioma, cursos, vestibular, família, filhos, marido etc. Se colocarmos todas essas tarefas em um único dia, provavelmente não sobrará tempo para ficar aos pés de Jesus. É necessário, em meio a tantas atividades, retornar ao essencial, decidir-se por ficar com a melhor parte, como Jesus ensinou a Marta (sobre a atitude de sua irmã Maria deixar os afazeres para ouvir atentamente os ensinamentos do Mestre. “Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária; E Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada” (Lc 10-41).
A intimidade com Deus traz a inspiração do Espírito Santo, que nos auxilia em todas as nossas decisões. A oração nos abre as portas das misericórdias divinas e ela é a única capaz de transformar nossas vidas. A Palavra de Deus nos orienta a orar sempre e seguirmos os passos de Nossa Senhora. Sim, devemos viver em oração contínua. Em 1Tessalonicenses 5:17, o apóstolo Paulo fala sobre orar sem cessar. Devemos estar o tempo todo conectadas com Deus e em espírito de oração. No trabalho, no trânsito, na faculdade, no estágio, em casa em meio às panelas... Esse hábito deve ser uma prática constante. Rezar como Maria é ter a consciência de que a oração é vital para a vida humana, é como respirar. Cultivar o nosso diálogo com Deus, que está atento às nossas súplicas e deseja estabelecer conosco comunhão de coração e de alma, alimenta também a confiança em que Ele pode fazer coisas grandes quando nós as entregamos totalmente aos seus desígnios. Se te parecer que Deus não quer te atender, continue a rezar e a confiar, apesar disso, porque é certo que Deus ouve a todos que suplicam com confiança e perseverança. Ficamos aqui com a consciência de que a oração precisa ser contínua e que também precisamos dedicar um tempo especial para o nosso Glorioso Mestre. Peçamos à nossa Mãe que nos ajude a ter as mesmas atitudes que Ela teve, para acolher com plena disponibilidade o mistério de Deus em nossa vida e sermos capazes de amar como Ela amou. Espelhar-se nas virtudes de Maria é uma forma de desenvolver a espiritualidade para trilhar o caminho do discipulado de Cristo.
Artigo escrito por Dany Farias Vieira, membro do grupo Gratia et Labore.
Dicas de leitura:
“Ela é minha Mãe!” Encontros do Papa Francisco com Maria - Alexandre Murad Awi
“O Silêncio de Maria” - Frei Inácio Larrañaga
“Tratado da Verdadeira devoção à Santíssima Virgem” - São Luís Maria Grignion de Montfort
Redemptoris Mater- A mãe do Redentor – Carta Encíclica de João Paulo II
Conheça o grupo de estudos em busca da verdadeira essência e vocação feminina. O Gratia et Labore faz parte do apostolado do Centro Dom Henrique Soares em Aracaju/SE.