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Feminilidade e Identidade Feminina
Lições de "Legalmente Loira" e da Doutrina Católica
O filme “Legalmente Loira” (2001) é um exemplo popular da cultura contemporânea que aborda temas como feminilidade, identidade pessoal e empoderamento. A protagonista, Elle Woods, desafia estereótipos e expectativas ao afirmar sua identidade feminina, utilizando-se de sua própria autenticidade e inteligência para
alcançar sucesso na carreira jurídica. Esse enredo pode ser refletido à luz dos
ensinamentos da Igreja Católica Apostólica Romana, que defende a dignidade e a vocação das mulheres na sociedade sem suprimir a feminilidade, mas, pelo contrário, valorizando-a como parte essencial da identidade feminina.
A Igreja Católica, especialmente por meio de documentos como a Carta Apostólica ”Mulieris Dignitatem”, do Papa São João Paulo II, sublinha a importância de reconhecer e valorizar a dignidade e a vocação única das
mulheres. No documento, ele afirma que “a mulher não pode se encontrar a si mesma
senão doando amor aos outros” (MD, 30). Esse chamado ao amor e ao serviço é essencial na definição da identidade feminina, sem que seja necessário abdicar das qualidades e dons pessoais que constituem a feminilidade.
Elle Woods, ao longo de “Legalmente Loira”, representa essa busca pela autoafirmação, não apenas enquanto mulher, mas enquanto profissional. O filme destaca que a feminilidade, muitas vezes vista como uma fraqueza no ambiente competitivo, é, na verdade, uma força que pode ser usada para potencializar a
identidade e o sucesso pessoal e profissional. A capacidade de Elle de manter suas
características únicas — seu estilo, sua empatia e sua visão — enquanto se afirma como advogada é uma representação moderna desse princípio.
Nos ambientes profissionais, onde o rigor e a racionalidade são frequentemente
sobrevalorizados, as mulheres muitas vezes sentem a pressão de se adaptar a padrões
masculinos de comportamento. No entanto, a visão católica enfatiza que o feminino tem um valor próprio. A feminilidade não deve ser reprimida em favor de um modelo padronizado de sucesso, mas reconhecida e integrada de maneira harmoniosa na vida profissional.
Santa Gianna Beretta Molla, uma médica e mãe canonizada, é um exemplo claro dessa harmonia. Ela viveu sua vocação como profissional da saúde, ao mesmo tempo em que cultivava uma vida familiar rica e atenta às necessidades do próximo. Santa Gianna mostrou que é possível para uma mulher integrar sua feminilidade e seus dons particulares em sua vida profissional e pessoal, sem comprometer sua identidade.
Elle Woods, apesar das adversidades e preconceitos, escolhe não abandonar sua autenticidade, mas usá-la como uma ferramenta para crescer em sua carreira jurídica. Assim como Santa Gianna, ela nos ensina que a fidelidade a si mesma e aos valores pessoais é um caminho para a verdadeira realização.
A história da Igreja é rica em exemplos de mulheres santas que afirmaram sua identidade feminina de maneira corajosa e transformadora. Santa Teresa de Ávila, por exemplo, foi uma mulher que, em um tempo em que as mulheres tinham pouca voz, reformou o Carmelo e influenciou profundamente a espiritualidade católica.
Seus ensinamentos são essenciais quando consideramos a jornada de mulheres no mundo contemporâneo. Santa Teresa lembra-nos da importância de abraçar nossa verdadeira identidade e missão, sem medo de julgamentos ou expectativas externas. No caso de Elle Woods, sua trajetória mostra que, ao manter-se fiel à sua
feminilidade, ela não apenas triunfa no direito, mas também redefine o que significa ser uma mulher de sucesso nesse campo.
A feminilidade, à luz dos ensinamentos da Igreja Católica, é vista como um dom de Deus que deve ser valorizado e cultivado, tanto na vida pessoal quanto na profissional. O Papa Francisco, em um discurso sobre a mulher, afirmou que “sem a
mulher, não há harmonia no mundo”. Esse equilíbrio que a mulher traz, sendo fiel à sua natureza, permite que ela brilhe tanto no espaço público quanto no privado.
Em “Legalmente Loira”, a feminilidade de Elle Woods não é uma fraqueza, mas sim sua força distintiva. Ela mostra que as características tradicionalmente associadas ao feminino — como sensibilidade, empatia e intuição — são essenciais para o sucesso, inclusive no ambiente profissional. A protagonista nos ensina que é
possível ser competente, forte e feminina, tudo ao mesmo tempo.
“Legalmente Loira” nos oferece uma representação cinematográfica de como a feminilidade pode ser uma ferramenta poderosa para a realização pessoal e profissional. A Igreja Católica, por meio de seus documentos e da vida de suas santas, ensina-nos que a feminilidade, longe de ser um obstáculo, é um caminho para o pleno desenvolvimento da identidade da mulher, tanto no seu âmbito pessoal quanto profissional.
Assim como Elle Woods, que utiliza sua feminilidade para redefinir o sucesso jurídico, e como as santas da Igreja que viveram plenamente sua vocação enquanto mulheres, somos chamados a reconhecer o valor e a dignidade da feminilidade, não como algo a ser superado, mas como um presente de Deus que nos capacita a servir, amar e transformar o mundo ao nosso redor.
Artigo escrito por Maria Joanny, membro do grupo Gratia et Labore.
Dicas de leitura:
CARTA APOSTÓLICA MULIERIS DIGNITATEM DO SUMO PONTÍFICE
JOÃO PAULO II - SOBRE A DIGNIDADE E A VOCAÇÃO DA MULHER
POR OCASIÃO DO ANO MARIANO (link)
Obras Completas de Santa Teresa de Jesus.
Conheça o grupo de estudos em busca da verdadeira essência e vocação feminina. O Gratia et Labore faz parte do apostolado do Centro Dom Henrique Soares em Aracaju/SE.